Contextualização
As perturbações depressivas ocorrem em aproximadamente um terço das pessoas com epilepsia, muitas vezes exigindo tratamento antidepressivo. No entanto, a depressão muitas vezes não é tratada em pessoas com epilepsia, em parte devido ao medo que os antidepressivos possam causar convulsões. Existem diferentes classes de antidepressivos, no entanto todos eles visam aumentar as principais substâncias químicas no cérebro, aliviando assim os sintomas depressivos.
Caraterísticas dos estudos
Encontrámos dez estudos que incluíram 626 doentes com epilepsia e depressão tratados com um antidepressivo. Quatro eram ensaios controlados randomizados, e seis eram estudos de coorte prospetivos não randomizados. Os estudos observaram o efeito de diferentes antidepressivos, principalmente uma classe de antidepressivos denominada inibidor seletivo da recaptação de serotonina (SSRI). Um ensaio controlado randomizado e um estudo prospetivo também observaram o efeito da terapia cognitiva comportamental sobre a depressão.
Resultados
Tendo em conta toda a evidência, a revisão constatou que existem provas muito limitadas de que os antidepressivos diminuem mais os sintomas depressivos do que outros tratamentos, placebo, ou ausência de tratamento na epilepsia. Houve informação limitada sobre o efeito dos antidepressivos no controlo das convulsões, no entanto, nos estudos que relataram este resultado não parece ter havido qualquer agravamento significativo das convulsões. A evidência encontra-se atualizada até fevereiro de 2021.
Qualidade dos estudos
Avaliámos os estudos no que diz respeito ao enviesamento e à qualidade. Globalmente, a qualidade das provas foi classificada como moderada a baixa para os ensaios clínicos e baixa a muito baixa para os estudos de coorte prospetivos não randomizados. São necessários ensaios de antidepressivos grandes e de alta qualidade para examinar como as diferentes classes de antidepressivos se comparam, e que impacto é provável que tenham no controlo das convulsões.
Traduzido por: Joana Botelho Vieira e Maria João Lobarinhas, Serviço de Psiquiatria e Saúde Mental da Infância e da Adolescência, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, com o apoio da Cochrane Portugal. Revisão final: Ricardo Manuel Delgado, Cochrane Portugal.