O Grupo de Revisões Cochrane Gravidez e Parto tem uma serie de revisões que apresentam evidências sobre como ajudar as mulheres que estão amamentando. Em fevereiro de 2017, uma dessas revisões foi atualizada e a primeira autora, Alison McFadden da Universidade de Dundee na Escócia, gravou um resumo dos seus principais achados. Essa gravação foi traduzida e é apresentada por voluntários da Cochrane Brasil.
Olá. Meu nome é Tatiana Ferraz, da Cochrane Brasil. O Grupo de Revisões Cochrane Gravidez e Parto tem diversas revisões que apresentam evidências sobre como ajudar as mulheres que estão amamentando. Em fevereiro de 2017, Alison McFadden (da Universidade de Dundee na Escócia) e sua equipe atualizaram uma revisão sistemática sobre esse assunto. A autora gravou um resumo dessa revisão. Vou apresentar a tradução dessa gravação.
A amamentação tem um grande impacto sobre a saúde das crianças. Já existe muita evidência de alta qualidade mostrando que NÃO amamentar aumenta os riscos de a criança adoecer ou até de morrer devido a doenças infecciosas. As crianças que NÃO são amamentadas também têm maior risco de internação hospitalar devido a infecções intestinais, respiratórias e nos ouvidos. Essas crianças também têm maior risco de desenvolver diabetes juvenil, obesidade e problemas dentários. Amamentar também é importante para a saúde das mães. As mulheres que NÃO amamentam têm maior risco de desenvolver diabetes, câncer de mama e de ovário.
A Organização Mundial de Saúde recomenda que todas as crianças recebam apenas leite materno (amamentação exclusiva) até os seis meses de idade, e que a amamentação continue até os dois anos pois o leite materno é um componente importante da dieta das crianças até essa idade. Porém, as taxas atuais de amamentação em muitos países indicam que essas recomendações não são seguidas. Estima-se que apenas um em cada três bebês receba aleitamento materno exclusivo até o 6º mês de vida, e que essa taxa seja bem menor em muitos países de alta ou de média renda.
As mulheres que querem amamentar precisam de apoio para enfrentar uma série de dificuldades. Por exemplo, elas precisam enfrentar as campanhas publicitárias agressivas dos fabricantes que vendem produtos artificiais que eles dizem ser praticamente equivalentes ao leite materno, na tentativa de convencer os leigos e os profissionais a optarem por esses produtos. Outra barreira para quem quer amamentar é a falta de aceitação da necessidade de amamentar nos ambientes de trabalho ou em locais públicos. Finalmente, muitos profissionais de saúde não têm a capacidade ou o treinamento para ensinar e apoiar de fato as mulheres a amamentar.
Nossa revisão avaliou intervenções que poderiam melhorar essa última questão. Investigamos o efeito de intervenções que ofereciam apoio adicional às mulheres em fase de amamentação. Analisamos o número de mulheres que pararam completamente de amamentar ou que pararam de amamentar exclusivamente no peito até a 4ª-6ª semana, e até o 6º mês de vida. Nossa versão mais recente da revisão inclui 100 estudos que envolveram mais de 83.000 pares de mães-bebês. Esses estudos foram realizados em 29 países diferentes, de baixa, média e alta renda. Os estudos testaram diferentes tipos de intervenções, como apoio individual ou em grupo, oferecido de forma presencial ou por telefone. O apoio era oferecido por profissionais de saúde, por outras mulheres ou por uma combinação de ambos, sendo que algumas dessas pessoas haviam recebido um treinamento específico para isso. O total de sessões de apoio com as mulheres variou de menos de 3 até mais de 9, nesses diferentes estudos.
Os estudos mostram que oferecer apoio adicional para amamentar aumenta a duração da amamentação e da amamentação exclusiva. O efeito foi maior sobre a duração da amamentação exclusiva do que sobre a duração total da amamentação. A qualidade geral dessa evidência foi considerada moderada devido à grande variação nos tipos de intervenções usadas no grupo de apoio, nos locais onde os estudos foram feitos, e nos tipos de intervenções usadas nos grupos controle. Também encontramos evidência de qualidade moderada de que o apoio para amamentar é mais efetivo se ele for oferecido por pessoas treinadas e incluir visitas programadas, para que as mulheres possam saber antecipadamente quando o apoio estará disponível. Finalmente, as estratégias de apoio que envolvem encontros presenciais têm mais chances de sucesso para as mulheres que estão em amamentação exclusiva.
A mensagem principal da nossa revisão é que todas as mulheres que dão à luz, em qualquer lugar do mundo, devem receber apoio para amamentar. Esse deve ser um procedimento rotineiro. O apoio para amamentar deve ser facilmente acessível às mulheres e deve ser oferecido por pessoas treinadas.
Se você quiser saber mais sobre essa revisão, entre no site da Cochrane Library e procure por CD 001141.