Questão da revisãoEsta revisão pretendeu responder à questão se antibióticos são efetivos no tratamento de ITRIs causadas pela bactéria Mycoplasma pneumoniae (M. pneumoniae) em crianças.
IntroduçãoOM. pneumoniae é uma infecção bacteriana frequentemente responsável por infecções do trato respiratório inferior (ITRIs) em crianças. A infecção pode se apresentar de vários modos, sendo que a maioria das manifestações respiratórias são bronquite aguda, pneumonia e chiado no peito. A doença geralmente é autolimitada, com sintomas que podem durar várias semanas, porém, podem (ocasionalmente) também causar pneumonia grave. Antibióticos são geralmente dados a crianças com ITRI por M. Pneumoniae .
Data da buscaNós realizamos busca por ensaios clínicos publicados ou pendentes até Julho de 2014.
Características dos estudosEnsaios clínicos randomizados (ECRs) comparando dois tipos de terapia antibiótica ou um antibiótico contra um placebo em crianças com pneumonia.
Principais resultadosNós encontramos sete estudos (1.912 crianças). Dentro de cada estudo, havia algumas crianças infectadas pelo M. Pneumoniae mas não pudemos extrair dados relevantes relativos à eficácia e eventos adversos relacionados somente a crianças com o M. Pneumoniae.
Qualidade da evidênciaDe um modo geral, a qualidade das evidências para cada um dos desfechos principais é muito baixa, pois não há dados suficientes para cada um dos desfechos. Assim, ainda não há evidências suficientes para mostrar, de forma conclusiva, que antibióticos são efetivos em crianças com ITRIs causadas por M. Pneumoniae.
Não há evidências suficientes para uma conclusão específica sobre a eficácia dos antibióticos para esta condição em crianças (embora um ensaio clínico sugira que os macrolídeos podem ser eficazes em algumas crianças com ITRIs secundárias ao Mycoplasma). O uso de antibióticos tem que ser balanceado com os possíveis efeitos adversos. Ainda há a necessidade de ECRs, duplo-cegos e de alta qualidade para avaliar a eficácia e a segurança de antibióticos para ITRIs secundárias ao M. Pneumoniae em crianças.
O Mycoplasma pneumoniae (M. pneumoniae) é amplamente reconhecido como uma importante causa de infecção do trato respiratório inferior (ITRI) adquirida na comunidade em crianças. As manifestações pulmonares são tipicamente traqueobronquite ou pneumonia mas o M. pneumoniae também está implicado em episódios de sibilância em ambos os indivíduos asmáticos e não asmáticos. Embora os antibióticos sejam utilizados para tratar ITRIs, uma revisão de vários dos principais livros didáticos oferece conselhos conflitantes sobre o uso de antibióticos no tratamento de ITRIs por M. Pneumoniae em crianças.
Determinar se antibióticos são efetivos no tratamento de crianças com ITRIs adquiridas na comunidade, secundárias ao M. Pneumoniae .
Nós pesquisamos na CENTRAL (2014, fascículo 3), MEDLINE (1966 a julho semana 4, 2014) e EMBASE (1980 a julho 2014) e ambos WHO ICTRP e ClinicalTrials.gov (13 agosto de 2014).
Ensaios clínicos randomizados (ECRs) comparando antibióticos comumente utilizados para tratar M. Pneumoniae (p.ex. macrolídeos, tetraciclinas ou quinolonas) com placebo ou antibióticos de qualquer outra classe, no tratamento de crianças abaixo de 18 anos de idade com ITRIs adquiridas na comunidade e secundárias ao M. Pneumoniae.
Os autores da revisão selecionaram os ensaios clínicos para inclusão e avaliaram a qualidade metodológica de forma independente. Foram extraídos e analisados os dados relevantes separadamente e os desacordos foram resolvidos por consenso.
Foram incluídas, no total, 1.912 crianças provenientes de sete estudos. A interpretação dos dados foi limitada devido à incapacidade de extração de dados referentes a crianças com M. Pneumoniae. Na maioria dos estudos, a resposta clínica não foi diferente entre as crianças randomizadas para um antibiótico macrolídeo e as crianças randomizadas para um antibiótico de outra classe. Em um estudo controlado (de crianças com infecções respiratórias recorrentes, cuja ITRI aguda foi associada a Mycoplasma, Chlamydia ou ambos, diagnosticadas por reação em cadeia da polimerase e/ou sorologias pareadas), 100% das crianças tratadas com azitromicina obtiveram resolução clínica da sua doença em 30 dias, em comparação com 77% de resolução dentre as crianças não tratadas com azitromicina em um mês.
Traduzido por: Ricardo Augusto Monteiro de Barros Almeida, Unidade de Medicina Baseada em Evidências da Unesp, Brasil Contato: portuguese.ebm.unit@gmail.com