Antibióticos para pneumonia adquirida na comunidade em crianças saudáveis menores de 18 anos internadas e em atendimento ambulatorial.

A pneumonia é a principal causa de morte entre as crianças com menos de 5 anos. Nos países de baixa renda, a maioria dos casos de pneumonia adquirida na comunidade (PAC) é causada por bactérias. Identificamos 29 ensaios clínicos randomizados controlados realizados em vários países, envolvendo 14.188 crianças, que compararam diferentes tipos de antibióticos para o tratamento de crianças com PAC. A maioria das comparações foi feita em apenas um estudo.

Concluímos que a amoxicilina é uma alternativa ao co-trimoxazol para o tratamento de pneumonia em crianças que não estão internadas (pacientes ambulatoriais). A amoxicilina oral pode ser efetiva no tratamento de crianças com pneumonia grave sem hipóxia (queda no nível de oxigênio) e que se alimentam bem. A combinação de penicilina ou ampicilina mais gentamicina é mais eficaz que o cloranfenicol sozinho para crianças com pneumonia muito grave. Muitos estudos não apresentaram dados sobre eventos adversos. Nos estudos que apresentaram esses dados, não houve diferença na taxa de eventos adversos entre os antibióticos avaliados, exceto para os efeitos colaterais gastrointestinais que foram mais frequentes com a eritromicina do que com a azitromicina.

Esta revisão tem duas principais limitações: apenas cinco estudos preencheram todos os critérios de qualidade e a maioria das comparações da eficácia dos antibióticos se baseou em apenas um ou dois estudos.

Conclusão dos autores: 

A amoxicilina é uma alternativa ao co-trimoxazol para o tratamento de PAC em crianças não internadas (ambulatoriais). Existem poucos dados sobre outros antibióticos, porém amoxicilina com ácido clavulânico e a cefpodoxima podem ser uma alternativa de segunda linha. Crianças não internadas (ambulatoriais) com PAC grave sem hipoxemia podem ser tratadas com amoxicilina oral. A penicilina/ampicilina mais gentamicina é superior ao cloranfenicol para crianças internadas com PAC grave e muito grave. Outras alternativas para esses pacientes são a amoxicilina com ácido clavulânico e a cefuroxima. Enquanto aguardamos novos estudos, esses antibióticos podem ser utilizados como segunda linha.

É necessário realizar mais estudos, com maior número de participantes com confirmação radiográfica do diagnóstico de pneumonia e com métodos similares, para comparar antibióticos mais novos. As recomendações desta revisão são aplicáveis a crianças sem outras doenças de base vivendo em países com altas taxas de mortalidade por pneumonia e onde não há testes disponíveis no local de atendimento para identificar os agentes etiológicos da pneumonia.

Leia o resumo na íntegra...
Introdução: 

A pneumonia causada por bactérias patogênicas é a principal causa de mortalidade infantil nos países de baixa renda. A administração precoce de antibióticos melhora os desfechos.

Objetivos: 

Comparar diferentes antibióticos para identificar a antibioticoterapia mais efetiva para o tratamento de crianças com pneumonia adquirida na comunidade (PAC) de gravidade variável.

Métodos de busca: 

Fizemos buscas nas seguintes bases de dados: CENTRAL 2012, Issue 10, MEDLINE (de 1966 até a semana 4 de outubro de 2012), EMBASE (de 1990 a novembro de 2012), CINAHL (de 2009 a novembro de 2012), Web of Science (de 2009 a novembro de 2012) e LILACS (de 2009 a novembro de 2012).

Critério de seleção: 

Incluímos ensaios clínicos randomizados controlados (ECRs) que compararam pelo menos dois antibióticos para PAC em crianças de ambos os sexos, internadas ou ambulatoriais.

Coleta dos dados e análises: 

Dois revisores, trabalhando de forma independente, extraíram os dados dos estudos selecionados.

Principais resultados: 

Incluímos 29 ECRs (14.188 crianças no total) que compararam diversos antibióticos. Nenhum estudo comparou antibiótico versus placebo.

Na avaliação da qualidade dos estudos, constatamos que apenas 5 dos 29 estudos incluídos eram duplo-cego e tinham sigilo de alocação adequado. Doze outros estudos não eram cegos mas tinham sigilo de alocação adequado, sendo portanto considerados de boa qualidade. Havia mais de um estudo comparando co-trimoxazol versus amoxicilina, amoxicilina oral versus penicilina/ampicilina injetável e cloranfenicol versus ampicilina/penicilina. Esses estudos eram de boa qualidade. Portanto, a evidência para essas comparações era de alta qualidade, o que não ocorreu para as outras comparações.

Para crianças ambulatoriais com PAC não-grave (segundo definição da Organização Mundial da Saúde), a amoxicilina foi semelhante ao co-trimoxazol nas taxas de falha (odds ratio-OR 1,18, intervalo de confiança-IC-de 95% 0,91 a 1,51) e de cura (OR 1,03, IC 95% 0,56 a 1,89). Esse achado foi baseado em três estudos que envolveram 3952 crianças.

Para crianças com pneumonia grave sem hipoxemia, os antibióticos orais (amoxicilina/co-timoprazol) foram semelhantes à penicilina injetável nas taxas de falha (OR 0,84, IC 95% 0,56 a 1,24), taxas de internação (OR 1,13, IC 95% 0,38 a 3,34) e taxas de recaída (OR 1,28, IC 95% 0,34 a 4,82). Esse achado foi baseado em seis estudos que envolveram 4331 crianças com menos de 18 anos.

Nos casos de PAC muito grave, as crianças que receberam cloranfenicol tiveram taxa de mortalidade maior do que aquelas que receberam penicilina/ampicilina mais gentamicina (OR 1,25, IC 95% IC 0,76 a 2,07). Esse achado foi baseado em um estudo que envolveu 1116 crianças.

Notas de tradução: 

Tradução do Centro Cochrane do Brasil (Juliana Carneiro Gonçalves) - Contato: tradutores@centrocochranedobrasil.org.br

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