Amitriptilina para depressão

Amitriptilina ainda possui lugar no manejo farmacológico dos episódios depressivos. Os achados desta revisão sistemática mostram que comparado com outros agentes controle, amitriptilina foi um pouco mais efetiva, mas os efeitos colaterais foram grandes para os pacientes recebendo-a.

Conclusão dos autores: 

Esta presente revisão sistemática indica que a amitriptilina é pelo menos tão eficaz como outros tricíclico ou novos componentes. Contudo, o fardo dos efeitos colaterais em pacientes recebendo-a foi grande. Em comparação com os inibidores da recaptação da serotonina foi menos tolerada, e embora contrabalanceado por um grande número de respostas, a diferença não foi estatisticamente significante.

Leia o resumo na íntegra...
Introdução: 

Por muitos anos a amitriptilina foi considerada um dos componentes farmacológicos para o tratamento de depressão. Contudo, novas drogas triciclicas, componentes heterociclicos e inibidores da recaptação da serotonina foram introduzidos no mercado com a reivindicação de um perfil de tolerabilidade/ eficácia mais favorável.

Objetivos: 

O objetivo da presente revisão sistemática era investigar a tolerabilidade e eficácia da amitriptilina em comparação com outros antidepressivos tricíclicos/ heterocíclicos e com inibidores da recaptação de serotonina.

Métodos de busca: 

A Cochrane Collaboration Depression, Anxiety e Neurosis Controlled Trials Register (CCDANCTR-Studies) foi pesquisada em 28-11-2005. A lista de referências de todos os estudos incluídos foi checada.

Critério de seleção: 

Somente ensaios clínicos randomizados foram incluídos. Participantes do estudo foram de ambos os sexos e de qualquer idade com o diagnóstico primário de depressão. Os ensaios incluídos compararam amitriptilina com outros antidepressivos tricíclicos/ heterocíclicos ou com um dos inibidores da recaptação de serotonina.

Coleta dos dados e análises: 

Dados foram extraídos usando formas padronizadas. O número de pacientes sujeitos ao procedimento randomizado, o número de pacientes que completaram o estudo e o número de pacientes com melhora foram extraídos. Além disso, as pontuações médias de grupo no final do ensaio em escala de Depressão Hamilton ou outra escala de depressão foram extraídas. Na analise de tolerabilidade, o número de pacientes que deixaram de completar o estudo e o número de pacientes queixando-se dos efeitos colaterais foram extraídos.

Principais resultados: 

Um número total de 194 estudos foram incluídos na revisão. A estimativa geral de odds ratio (OR) mostrou mais respostas subjetivas para amitripltilina em comparação com o grupo controle de antidepressivos (OR 1.12 IC 95%, 1.02 a 1.23, número necessário para tratar (NNT) = 50). A estimativa da eficacia para amitriptilina e agentes de controle num desfecho contínuo revelaram um efeito que também favoreceu significativamente amitriptilina (Diferença Média Padronizada (DMP) 0.13, IC 95% 0.04 a 0.23). Enquanto estas diferenças são estatisticamente significantes, sua significância clínica é menos clara. Quando a análise de eficácia foi estratificada por classe de droga, nenhuma diferença de desfecho emergiu entre amitriptilina e tricíclico ou inibidores da recaptação da serotonina. A taxa de abandono em pacientes tomando amitriptilina e agentes controle foi similar, contudo, a proporção estimada de pacientes que experimentaram efeitos colaterais favoreceu significamente os agentes controle em comparação com amitriptilina (OR 0.66, IC 95% 0.59 a 0.74). Quando a análise de tolerabilidade foi estratificada por classe de droga, a taxa de abandono em pacientes tomando amitriptilina e inibidores da recaptação de serotonina significativamente favoreceu o último (OR 0.84, IC 95% 0.75 a 0.95, número necessário para prejuizo (NNP) = 40). Quando a análise de resposta foi estratificada pela configuração de estudo a amitriptilina foi mais efetiva que os agentes antidepressivos de controle em pacientes internados (OR 1.22, IC 95% 1.04 a 1.42, NNTB=24), mas não em pacientes ambulatoriais (OR 1.01, 95%CI 0.88 para 1.17, NNT = 200).

Notas de tradução: 

Traduzido por Márcio Martins Marcolino, Unidade de Medicina Baseada em Evidências da Unesp, Brazil Contato: portuguese.ebm.unit@gmail.com

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